29 janeiro 2010

A CRISE QUE O GLOBO INVENTA

Sempre que você vê uma manchete de algum dos representantes da "grande" imprensa, deve ficar atento. Esta inocente chamada do Globo esconde as tradicionais armadilhas que levaram a mídia brasileira a ser conhecida pela alcunha de Partido da Imprensa Golpista.

Ora, O Globo poderia ter dito apenas "Brasil sai da crise", ou se pretendesse falar a verdade, diria, "Brasil sai da crise melhor do que a grande maioria dos países". Se quisesse ser mais realista ainda, estamparia "Crescimento do Brasil na crise foi um dos maiores do mundo".

Mas O Globo prefere falar o óbvio, para dizer que não fomos assim tão bem. Afinal, se for pra dar crédito para alguém, darão para aqueles que lhes interessa no poder. Só a eles.

É claro que saímos da crise com as exportações em baixa. E qual foi o país que saiu dela com exportações em alta? Por certo que em momentos como esse que o planeta viveu, todos cortam os produtos importados, para tentar proteger a indústria nacional, o que por conseguinte significa, que os países de quem eles comprariam, estão exportando menos. Traduzindo, TODOS vendem menos para fora. E claro que o Brasil está no meio de TODOS os países do mundo.

Não nos esqueçamos. Incluindo a China.

A imprensa brasileira deveria crescer, entende? Deveria parar de ser ridícula. O Globo deveria perguntar onde está o Serra, que tomou chá de sumiço enquanto 69 pessoas morrem em razão das enchentes que os milênios de administração tucana do estado de São Paulo, não conseguem conter, porque os córregos não dão vazão, porque não há saneamento básico, porque faltam piscinões que deixaram de ser construídos.

Porque algumas bocas de lobo da capital paulistana são somente "bocas". Seus canos não levam a lugar algum. Dois metros de cano e pronto.

Deveria falar sobre as dragagens de rios e córregos que não foram feitas. Deveria falar que a leptospirose, os ratos e as cobras estão invadindo casas da periferia por causa da água acumulada.

Deveria falar que o Estado mais rico da federação está abandonado. Sua parte mais pobre não está devendo nada para o Haiti.

E pra não dizer que este comentário é infundado, que é coisa de essquerda descendo a ripa no PSDB, Curitiba, que também é administrada pelo mesmo grupo do Serra há séculos, do mesmo modo que São Paulo, tem uma das maiores médias de chuva da história recente. E um dos menores índices de alagamentos. Parece que mesmo entre os tucanos, há diferenças grosseiras.

Mas O Globo prefere criar factóide. Inventar uma crise que não existe.

Clique aqui para enteder a lógica da fabricação de uma denúncia.
Clique aqui para ver que O Globo esqueceu de dizer que tivemos o menor desemprego da história.
Clique aqui para ver outra maravilhosa manipulação de manchete do Globo.
 

25 janeiro 2010

Folha omite pesquisa de 2004 e diz que satisfação com São Paulo aumentou, quando caiu

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Quem descobriu foi o MPost: a Folha de S. Paulo omitiu a pesquisa acima, feita em 2003 e publicada em 25.01.2004,  no último ano do governo municipal de Marta Suplicy, quando o cidadão paulistano deu nota 7,7 à cidade.

Pulou direto do primeiro ano do governo Marta, em 2001, quando a nota foi de 6,1, para a nota deste ano, no governo de Gilberto Kassab, quando os paulistanos deram nota 7,4 à cidade.

Ou seja, omitindo a própria pesquisa, a Folha pode dizer que a satisfação do paulistano com a cidade aumentou entre 2001 (6,1) e 2010 (7,4); quando, na verdade, ela diminuiu de 7,7 (2004) para 7,4 (2010).

Nem a Folha leva o Datafolha a sério.

Do Vi o Mundo,  http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/folha-omite-pesquisa-de-2004-e-diz-que-satisfacao-com-sao-paulo-aumentou-quando-caiu/

20 janeiro 2010

O nome da tragédia

Para quem tem sensibilidade humana, choca ver que as tragédias humanitárias, depois de milênios de história, ainda continuam acontecendo muito mais entre os negros. Essa tragédia no Haiti apenas confirma a regra.

Há miséria chocante na Ásia, sim, entre orientais ou muçulmanos, mas aonde quer que se vá, para onde quer se olhe no globo terrestre, os negros sempre serão os mais afetados. Sofrem as piores doenças, têm os piores indicadores sociais, suportam as piores discriminações.

Olhem para a África, senhoras e senhores. Ou, se preferirem, olhem para as partes mais miseráveis do Brasil e lá estarão eles com suas peles de ébano e seus olhos faiscando de sofrimento e da mais justa das revoltas.

E a pele nem precisa ser totalmente escura. Na verdade, os descendentes de negros e brancos, de negros e índios, de negros e orientais, enfim, todo aquele que carrega a herança genética da negritude estará sempre entre os mais prejudicados.

E o mais doloroso é que, cientificamente, está provado que a cor da pele e os traços dos negros e seus descendentes decorrem de questões climáticas. A natureza faz com que aqueles que vivem em regiões onde o sol incide de forma mais inclemente desenvolvam pigmentação da pele adequada a enfrentar o clima.

Em suma, o que ajuda a sustentar essa situação é a hipocrisia e a mais perversa desonestidade.

Pequenos contingentes de negros vencem na vida, sim, mas quase sempre no esporte ou nas artes. E há um contingente diminuto que se destaca na academia, na política e em outras atividades mais intelectualizadas.

Mas quando se compara percentuais entre as etnias, o prejuízo aos negros e aos descendentes de negros é gritante.

Tudo advém da discriminação, seja explícita ou dissimulada. As maiores vítimas do nosso péssimo sistema público de ensino ou de saúde, são os negros. E em tudo mais é assim.

As imagens daquela massa de pele escura no Haiti padecendo todas aquelas torturas constituem uma bofetada no rosto da humanidade, uma acusação à etnia branca, que se beneficia da discriminação e da desigualdade decorrentes da cor da pele.

A tragédia no Haiti tem nome, pois. E esse nome é racismo.

fonte: http://edu.guim.blog.uol.com.br/


13 janeiro 2010

FABRICAR CRISE MILITAR VIROU MODA


E chegamos a 2010, um ano que promete ser bastante movimentado. Nas últimas horas de 2009 o Brasil viveu uma "crise" (entre aspas) na área militar provocada verdadeiramente pela mídia conservadora com um suposto pedido de demissão dos comandantes do Exército, Marinha, Aeronáutica e do Ministro Nelson Jobim. O motivo, segundo O Estado de S.Paulo, a Folha de S. Paulo, O Globo e a TV Globo teria sido a criação de uma Comissão Nacional de Verdade e Justiça que visa apurar fatos relacionados a violações dos direitos humanos no período da ditadura, de 1964 a 1985.

Com um noticiário totalmente manipulado, tanto que a crise acabou como por encanto, os referidos veículos misturaram alhos com bugalhos. Esqueceram de dizer que o anúncio feito pelo atual governo foi o da terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), criado originalmente no governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, quando o atual Ministro da Defesa, Nelson Jobim, exercia a função de Ministro da Justiça. Na época, Jobim sonhava algum dia vestir uma farda de campanha militar e sair por aí, sem ser no Carnaval. Conseguiu tornar o sonho realidade e volta e meia aparece com a vestimenta que lhe agrada.

A mídia conservadora, possivelmente de forma deliberada, omitiu que a proposta da Comissão de Verdade e Justiça não tem caráter deliberativo e tinha sido aprovada na décima primeira Conferência Nacional de Direitos Humanos, por 20 votos a dois. Lula assinou a medida e agora para virar lei precisa da aprovação do Congresso. Ou seja, os jornalões não informaram corretamente e ainda por cima se empenharam no sentido de fazer crer que a Comissão tinha o objetivo de punir torturadores e assassinos do período ditatorial. Não é esse o objetivo, mas tornar claro o que foi feito no período.

A extrema direita, representada hoje também em sites na Internet com uma linguagem do tempo da onça e até transmitida por alguns psicopatas, tentou ampliar a "crise" que não houve ouvindo gente vinculada a pior espécie dos tempos da ditadura. Curiosamente, tanto os extremistas de direita quantos os jornalões e a mídia eletrônica ignoraram a nota oficial do Palácio do Planalto negando o pedido de demissão e ainda o suposto encontra às pressas na Base Aérea de Brasília entre Jobim e Lula.

Mal terminada a "crise", a Folha de S. Paulo abria as baterias para uma outra "crise militar". Desta feita para dizer que um relatório técnico da Força Aérea Brasileira (FAB) na questão da compra dos jatos para o reequipamento da Aeronáutica entrava em choque com o desejo de Lula de prirorizar a compra dos franceses Rafales. A FAB, segundo Eliane Catanhede, a mesma que noticiou a "crise militar" do fim de ano, teria optado pelos jatos suecos.

A direita midiática, ao mais puro estilo do período que antecedeu ao golpe de abril de 64, está muito assanhada e quer porque quer noticiar, segundo se pode depreender, tendo em vista a campanha eleitoral que vem por aí. E muitos petardos podem surgir neste 2010 que se inicia.

Enquanto isso, a Presidente Cristina Kirchner ordenou abertura de todos os documentos do período da ditadura militar que fez desaparecer 30 mil opositores. A exceção ficou por conta do material relativo à Guerra das Malvinas. Aqui no Brasil na área dos direitos humanos qualquer tentativa do gênero é apresentada como revanchismo. Uma lorota, porque quando se exige conhecer toda a verdade sobre o período obscuro da história brasileira, não tem nada a ver com revanche, até porque os defensores dessa posição e mesmo a eventual punição de crimes contra a humanidade cometidos naquele período, não almejam torturar ou matar ninguém. Os que cometeram esses delitos teriam todo o direito de defesa, o que não possibilitaram aos opositores do regime ditatorial.

E para terminar, Boris Casoy isto é uma vergonha, ofendendo os garis por falha do áudio da TV Bandeirantes, mesmo falando em off, mostrou o que pensa. Em alto e bom som indignou-se com os trabalhadores considerando-os "últimos da escala social". Não adiantou pedir desculpas. Agora a bola está com o Sindicato que representa os trabalhadores que Casoy ofendeu. Para se penitenciar mesmo, a Band teria que fazer uma reportagem especial sobre a importância dos garis para uma cidade, ainda mais como São Paulo, e destinar a publicidade de um telejornal da emissora para o sindicato. E, claro, voltar a ouvir os dois garis ofendidos. Será que o senhor Saad topa limpar a barra da Band?

E Sergio Cabral mostrou a sua verdadeira face de protetor da especulação imobiliária e ainda aparece em Angra dos Reis como se nada tivesse acontecido em matéria de flexibilização de construções que acabaram piorando o efeito dos temporais.

UOL PROTEGE ARRUDA


Cada árvore deste planeta sabe que o Grupo Folha NÃO é isento. Faz um jornalismo engajado, onde vislumbra unicamente os seus interesses. E os interesses de seus amigos e aliados.

E a cada semana, senão a cada dia, damos prova disso na blogsfera. Especialmente nas manchetes das notícias, afinal, são sabedores a grandessíssima maioria das pessoas só passa os olhos nas manchetes, não lê o conteúdo.

Veja no destaque acima a diferença entre as manchetes do Terra e do UOL sobre o mesmo assunto. O Terra fala que Arruda só conseguiu se safar porque seus aliados fizeram troça das investigações do mensalão do dinheiro na meia e na cueca.

Já na manchete do UOL, o Arrudão obteve "vitória", como se nem culpado fosse. Como se o estivessem perseguindo. Tadinho.

É esta a isenção de um grupo que tem o rabo preso com o "leitor".
 
Clique aqui para ver que o UOL traduziu como quis a reportagem do NY Times sobre o filme de Lula.
Clique aqui para ver outra manipulação de manchetes do UOL.
Clique aqui para ver o Taxab nadando em dinheiro que mais tarde vai para os amigos da imprensa.
Clique aqui para ver o dinheiro na meia do Arrudão, que a Folha defende.
 

08 janeiro 2010

Outsider: quem não se enquadra


A figura do outsider. Do cara que não se enquadra. Do sujeito que não faz questão de pertencer a nenhuma turma. O cara que no colégio sentava na última carteira, não falava com ninguém e ia embora sozinho. Havia algo de muito maneiro em figuras desse naipe.

Numa sociedade onde qualquer babaca quer virar celebridade, a figura do "ninguém" sempre me pareceu o melhor modelo de vida. E aqui não vai nenhuma pretensão estilosa do tipo "é legal ser diferente". Porra nenhuma. O que eu penso é que simplesmente "ninguém precisa ser igual".

Cada pessoa devia andar por aí rezando pela própria Bíblia, ou seja, fazendo suas próprias leis e fazendo uso de seu livre arbítrio. Mas não é o que tem acontecido.

Assisto sem nenhum entusiasmo e com bastante perplexidade aqueles filmes americanos de turmas de universidade com aquelas indefectíveis fraternidades onde o cara passa por uma coleção inimaginável de humilhações apenas com o inacreditável intuito de ser aceito em uma fraternidade de babacas. Não é muito diferente das merdas dos trotes universitários brasileiros. Babaca não respeita geografia.

Fico imaginando o que leva uma pessoa a essa necessidade doentia de ser aceito. E com o tempo me parece que em busca de aceitação as pessoas têm se padronizado de maneira assustadora e alarmante.

Hoje em dia a rapaziada usa piercing, tatuagem (não que eu tenha exatamente nada contra o uso de piercings ou tatuagens, mas é que parece que grande parte da molecada começa a usar apenas numas de copiar outra pessoa e aí é esquisito), o mesmo corte de cabelo, gosta das mesmas músicas e das mesmas roupas e emprega as mesmas expressões ("Galera", "é dez", "é show", "baladinha" e outras que eu não consigo sequer repetir aqui sem ter o meu estômago revirado) e aí ele se sente parte de alguma coisa, é compreendido e aceito e não vira motivo de zombaria entre os demais, justamente por não ser diferente.

Então o que acontece é muito simples. Se o sujeito tá num grupo onde o lance é odiar alguém, seja quem for, pode ser negro, viado, gordo, mulher ou o Mico-Leão Dourado, então o cara vai passar a odiar, ele nem sabe o motivo, é que a turma odeia e ponto. E se a turma pinta o cabelo de azul, então o panaca pinta também. E se a turma acha que é legal praticar artes marciais pra sair dando porrada em desavisados noturnos, então o cara automaticamente se inscreve numa academia e sai de lá o mó Steven Seagal.

E acha legal sair de carro com uma piranha oxigenada (esses caras sempre andam com piranhas descerebradas que são apreciadoras de bravatas intimidatórias) e provocar o primeiro sujeito pacífico que eles cruzarem pela frente. E vai ser providencial se eles pegarem pela frente um carinha com um livro do Kafka no ponto de ônibus. Esses caras nutrem um profundo ódio por qualquer sujeito que consiga articular mais que duas frases inteligíveis. E as suas piranhas são as primeiras a aplaudir o massacre.

Não tô aqui querendo de maneira nenhuma desmerecer o trabalho de alguns professores de artes marciais que sei o quanto são sérios e dignos. Mas é que sem a devida orientação eles estão criando um exército de babacas extremamente perigosos.

E é claro que a mídia e a publicidade incentivam irresponsávelmente esse estilo de vida. Elas querem todo mundo comprando e consumindo as mesmas coisas, coisas essas que eles fabricam em larga escala para atender a demanda desenfreada.

Numa novelinha como Malhação, só pra citar um exemplo bastante óbvio, a impressão que fica é que o roteirista escreveu um monólogo e depois distribuiu as falas entre vários personagens. Não há diferenciação de personalidade. Todos falam as mesmas coisas, do mesmo jeito e usando as mesmas expressões. Em resumo: fique igual e permaneça legal.

Há um processo de idiotização total e irrestrita avançando a passos largos. E essa busca pela padronização e no conseqüente status mediano (estou sendo generoso com esse "mediano") que as pessoas têm alcançado ganhou por esses dias duas novas forças de responsa.

A MTV "onde é que estão os clipes, porra?" estreou dois programas que são verdadeiras aberrações. O primeiro deles é o tal Missão MTV onde a Modelo Fernanda Tavares totalmente destituída de qualquer coisa que possa ser chamada de carisma, apesar de bonitinha (é o mínimo que se pode esperar de uma modelo) é chamada para padronizar qualquer sujeito que não esteja seguindo as regrinhas do que eles chamam de "bom gosto". Então se uma garota não fizer o gênero patricinha afetada, então ela automaticamente está out e a missão da Fernanda é introduzir a "rebelde" ao mundo dos iguais.

E dá-lhe o que eles chamam de "banho de loja". Se o cara usa roupas largas e o cabelo sem uma preocupação fashion e ainda se diz roqueiro, então eles transformam o coitado num metrosexual glitter afetado e por aí vai. Parece que a mulher vai dar um jeito no quarto de um sujeito. Ela diz que tá tudo errado no quarto do cara. Como assim? É o quarto dele, porra. Enfim, é proibido ter estilo. Quem não se enquadra, sai de cena. Em resumo, um programa vergonhoso.

Mas o pior ainda é o outro: O inacreditável e assustador Famous Face. Sacaram qual é a desse? Uma maluca encasqueta que quer ficar parecida com a Jeniffer Lopez ou com a Britney Spears e tal estultice é incentivada. Em resumo, a transformação é filmada e testemunhamos a verdadeira frankesteinização sofrida pela pobre iludida. Ela se submete à operação plástica, lipoaspiração e o caralho. Chega a ser nojento. Eu não entendo qual é a de um programa como esse. Será que a indústria da cirurgia plástica tá precisando de uma forcinha? Eu duvido. Nunca vi se falar tanto em botox, silicone, lipo e outras merdas. Todo mundo tentando evitar o inevitável. Todo mundo querendo retardar o tempo incontrastável. Vivemos cada vez mais em uma gigantesca e apavorante Ilha do Dr. Mureau. Foda-se Dorian Gray. Eu sou bem mais as rugas de Hemingway.

05 janeiro 2010

Elio Gaspari te enrola


Vendo que será impossível impedir a comparação entre o governo FHC e o governo Lula, a mídia tucana vai tratando de tentar municiar o governador José Serra com manchetes de jornal e dados truncados para ele tentar vender à população que ela (a população) apenas está sendo injusta por repudiar como repudia o ex-presidente.

Para esse fim, o conclave conservador de centro-direita integrado pelo PSDB, pelo PFL, por Globos, Folhas, Vejas, Estadões e clones, conta com um séquito de "colunistas" e "blogueiros" cujas finalidades a que se prestam vão do assassinato de reputações ao puro e simples proselitismo político dissimulado ao ponto de insultar cada inteligência deste país.

Um desses colunistas, do tipo que faz proselitismo, é Elio Gaspari. Escreve no Globo e na Folha de São Paulo, além de em outros veículos dos quais não me lembro. No domingo, ele escreveu uma empulhação imensa em benefício do ex-presidente da República tucano, o qual a mídia tenta reviver 365 dias por ano desde que ele deixou o Poder sob a maior e mais silenciosa vaia que o Brasil já deu em um político.

Trata-se do seguinte: 

3 de Janeiro de 2010

ELIO GASPARI 

Não foi o PT nem o PSDB, foram os dois

 


Desde 1996 a linha da melhoria da vida do andar de baixo é contínua, sem inflexões


O PROFESSOR Claudio Salm investigou os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 1996 e 2002 (anos tucanos) e daí a de 2008 (anos petistas). Ele verificou que a ideia segundo a qual Nosso Guia mudou radicalmente a vida do andar de baixo nacional é propaganda desonesta. Estimando-se que no andar de baixo estejam cerca de 50 milhões de pessoas (25% da população), o que se vê nas três Pnads estudadas por Salm é uma linha de progresso contínuo, sem inflexão petista.

Em 1996, quando Fernando Henrique Cardoso tinha um ano de governo, 48,5% dos domicílios pobres tinham água encanada. Em 2002, ao fim do mandato tucano, a percentagem subiu para 59,6%. Uma diferença de 11,1 pontos percentuais. Em 2008, no mandato petista, chegou-se a 68,3% dos domicílios, com uma alta de 8,7 pontos.

Coisa parecida sucedeu com o avanço no saneamento. Durante o tucanato, os domicílios pobres com acesso à rede de esgoto chegaram a 41,4%, com uma expansão de 9,1 pontos percentuais. Nosso Guia melhorou a marca, levando-a para 52,4%, avançando 11,3 pontos.

O acesso à luz elétrica passou de 79,9% em 1996 para 90,8% em 2002. Em 2008, havia luz em 96,2% dos domicílios pobres.

Esses três indicadores refletem políticas públicas. Indo-se para itens que resultam do aumento da renda e do acesso ao crédito, o resultado é o mesmo.

Durante o tucanato, os telefones em domicílios do andar de baixo pularam de 5,1% para 28,6%. Na gestão petista, chegaram a 64,8% das casas. Geladeira? 46,9% em 1996, 66,1% em 2002 e 80,1% em 2008.

O indicador da coleta de lixo desestimula exaltações partidárias. A percentagem de domicílios pobres servidos pela coleta pulou de 36,9% em 1996 para 64,4% em 2008. Glória tucana ou petista? Nem uma nem outra. O lixo é um serviço municipal.
Nunca antes na história deste país um governante se apropriou das boas realizações alheias e nunca antes na história deste país um partido político envergonhou-se de seus êxitos junto ao andar de baixo com a soberba do tucanato.

Vejam só que coisa. Então FHC melhorou tanto a vida do povo quanto Lula e este povo preconceituoso, só porque o ex-presidente é um "mauricinho" do Jet Set Internacional com alguns títulos pomposos, não reconhece o feito do tucano enquanto se derrama de amores pelo peão, ignorante, sem-dedo, beberrão e outras coisas que eles dizem que é melhor nem dizer. 

Essa, enfim, é a tese: o povo seria ingrato. 

Não, meus caros, não é por isso. É porque o tal professor Claudio Salm andou pinçando dados e, assim, aparece essa similitude entre avanços sociais. Acontece que o espectro de itens a considerar para dizer que os dois períodos presidenciais resultaram nos mesmos benefícios à população, é muito mais amplo.

Ao considerar apenas alguns itens da cesta, não se considerou o avanço da renda, a saída de 32 milhões de brasileiros da miséria, o Brasil ter se tornado um país com mais da metade da população na classe média, o ensino superior ter sido popularizado, permitindo aos negros chegarem à universidade como nunca antes neste país.

Fiquei pensando: mas que danadinho esse professor Salm. Por que ele fez isso? Daí decidi fazer uma buscazinha no Google e encontrei o seguinte: 


 

Claudio Leopoldo Salm é graduado pela Faculdade de Economia, UFRJ, 1963 e fez Mestrado: Programa de Estudos Econômicos Latino-Americanos para Graduados (ESCOLATINA) pela Universidade do Chile, 1965/67; Dissertação aprovada em 1969. Doutorado: em Economia, pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas, 1978/79; Tese aprovada em 1980. Atualmente é Consultor da Fundap – Fundação do Desenvolvimento e Administrativo, SP e Pesquisador-bolsista do Instituto de Economia da UFRJ

 Notaram? Fundap. Outra busca no Google e se descobre mais um pouco sobre esse cavalheiro. Vejam só: 

Criada pela Lei n. 435, de 24/9/74, a Fundap teve seus estatutos aprovados em 1976, data de sua efetiva instalação e do início de seus trabalhos. Atualmente vinculada à Secretaria de Gestão Pública do Estado de São Paulo.
 
Governo do Estado de São Paulo, é? Consultor, não? Olhe, pessoal: pelo sim, pelo não, cuidado com esse Elio Gaspari – e com todos os outros. Ele chuta os vossos traseiros e vocês ainda pedem desculpas por estar de costas.

 

 

03 janeiro 2010

Do Elite Paralisante