06 agosto 2007

Fora Lula hoje, nem pensar!

A democracia não é o melhor dos regimes. É o menos mau. Experimentamos um pouco de todos os regimes e agora podemos compreender isso. Albert Camus, escritor franco-argelino, novembro de 1948.

Esse discurso de "Fora Lula" é hoje obra da irresponsabilidade, da demência e do rancor de quem não está nem aí para a sorte do povo brasileiro. Mais leviano parece esse grito quando se procura atribuí-lo ao choque emocional que nos atingiu a todos com a tragédia do avião da TAM. Infelizmente, alguns eternos golpistas querem se aproveitar para expressar os piores sentimentos, que vão do vil preconceito contra a ascensão de um homem do povo até a obsessão de poder, que perseguem a qualquer preço.

Nessa catilinária de tintura sensacionalista, que só serve para enfraquecer as críticas consistentes ao governo, esses reacionários demonstram o quão de obsoletos e decrépitos são ao tentarem reacender velhas paranóias, como a arenga do anticomunismo, bordão fétido, que serviu para que usurpadores civis e militares prestassem serviço aos patrões norte-americanos, naquela época tenebrosa em que a corrupção internacional comprava uns e assustava a outros.

Nostálgicos da ditadura - Esses incorrigíveis nostálgicos dos porões da ditadura deveriam ficar quietinhos, aproveitando-se da generosidade da gente brasileira. Aqui, nenhum torturador assassino, nenhum preposto dos trustes foi a julgamento, como aconteceu na Argentina, onde os gendarmes que traíram as fardas foram condenados à prisão perpétua e até hoje respondem a processos e ao escárnio público. Quem tem autoridade para criticar Lula não é a súcia do arbítrio que caiu de podre. Nem os celerados de uma época de terror, muitos dos quais roubaram estatais, receberam propinas dos trustes e assassinaram oposicionistas, num macabro recital que nos subtraiu vinte preciosos anos de vida e liberdade.Também não têm autoridade para falar em fora Lula os mesmos cúmplices que ainda ontem participavam da farra das doações de nossas empresas nacionais, sob a batuta do professor que também abjurou de suas idéias pretéritas e mandou rasgar seus livros.

Lula está certo? Não. Lula errou porque não teve peito para questionar as privatizações-doações de FHC, como a da Vale do Rio Doce, entregue a grupos privados por 3,5 bilhões de dólares, um terço do lucro líquido anual dessa grande empresa que já deveria ter voltado ao estratégico controle do Estado brasileiro. Mas nenhum desses erros, justifica a ruptura com a linha sagrada da constitucionalidade e a observância dos marcos do direito à crítica e à denúncia. Pedro Porfírio - Oni Presente.

Fonte: Desabafo País

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