02 novembro 2007

Às vezes volto à infância e me pego pensando no abacateiro no meio do terreiro, na rua de paralelepípedos, no rio de águas sujas que passava perto de casa e de meus pais, num dia de domingo, ele a mexer em suas ferramentas e ela a preparar o almoço. Meus irmãos, então, passam correndo pelo terreiro a disputar alguma coisa, a ver quem tem razão em determinado assunto ou questão.
E me vejo olhando tudo isso, com olhar apaixonado e sonhando o futuro daquela minha gente... Mas entendo hoje que eu também era muito criança para entender toda a beleza do momento; quando me chegam essas lembranças, a saudade vem junto. Mas é uma saudade que parece doída mas se torna macia, quase a dizer que muitos se entregaram e eu conseguí chegar até aqui, quase convencido que a morte também me trouxe vida.
Eu trago comigo cada essência do ser de meus pais, o carinho e sinceridade que via em meu irmão e a ternura que o único olhar que ví de meu filho, antes que ele morresse, me deixou. Obrigado a vocês, eu os amo. Sempre amarei.

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