20 janeiro 2010

O nome da tragédia

Para quem tem sensibilidade humana, choca ver que as tragédias humanitárias, depois de milênios de história, ainda continuam acontecendo muito mais entre os negros. Essa tragédia no Haiti apenas confirma a regra.

Há miséria chocante na Ásia, sim, entre orientais ou muçulmanos, mas aonde quer que se vá, para onde quer se olhe no globo terrestre, os negros sempre serão os mais afetados. Sofrem as piores doenças, têm os piores indicadores sociais, suportam as piores discriminações.

Olhem para a África, senhoras e senhores. Ou, se preferirem, olhem para as partes mais miseráveis do Brasil e lá estarão eles com suas peles de ébano e seus olhos faiscando de sofrimento e da mais justa das revoltas.

E a pele nem precisa ser totalmente escura. Na verdade, os descendentes de negros e brancos, de negros e índios, de negros e orientais, enfim, todo aquele que carrega a herança genética da negritude estará sempre entre os mais prejudicados.

E o mais doloroso é que, cientificamente, está provado que a cor da pele e os traços dos negros e seus descendentes decorrem de questões climáticas. A natureza faz com que aqueles que vivem em regiões onde o sol incide de forma mais inclemente desenvolvam pigmentação da pele adequada a enfrentar o clima.

Em suma, o que ajuda a sustentar essa situação é a hipocrisia e a mais perversa desonestidade.

Pequenos contingentes de negros vencem na vida, sim, mas quase sempre no esporte ou nas artes. E há um contingente diminuto que se destaca na academia, na política e em outras atividades mais intelectualizadas.

Mas quando se compara percentuais entre as etnias, o prejuízo aos negros e aos descendentes de negros é gritante.

Tudo advém da discriminação, seja explícita ou dissimulada. As maiores vítimas do nosso péssimo sistema público de ensino ou de saúde, são os negros. E em tudo mais é assim.

As imagens daquela massa de pele escura no Haiti padecendo todas aquelas torturas constituem uma bofetada no rosto da humanidade, uma acusação à etnia branca, que se beneficia da discriminação e da desigualdade decorrentes da cor da pele.

A tragédia no Haiti tem nome, pois. E esse nome é racismo.

fonte: http://edu.guim.blog.uol.com.br/


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