22 agosto 2012

A farsa e os farsantes


A FARSA E OS FARSANTES

Por Bob Fernandes

Há quem diga ser uma farsa o julgamento do chamado "mensalão".
Mas não, não é uma farsa. É fruto de fatos.
Ou era mesada, o tal "mensalão", ou era caixa dois (esse todo mundo faz).
Mas não há como dizer que há uma farsa.
E quem fez, se fez, que pague o que fez.
A farsa existe, mas não está nestes fatos.

Farsa é, 14 anos depois, admitir a compra de votos para aprovar a reeleição em 98 – do Fernando Henrique Cardoso -, mas dizer que não sabe quem comprou. Isso, ao tempo que aponta o dedo e o verbo para as compras agora em julgamento.
A compra de votos existiu em 97.
Mas não deu em CPI e não deu em nada.

Farsa é fazer de conta que em 98 não existiram as fitas e os fatos da privatização da Telebras.
É fazer de conta que a cúpula do governo, de então, não foi gravada em tramóias e conversas escandalosas num negócio de R$ 22 bilhões.
Aquilo derrubou um pedaço do governo tucano.
Mas não deu em CPI. Não deu em nada e ninguém foi preso.

Farsa é esquecer que nos anos PC Farias se falava em corrupção na casa do bilhão. Isso no governo Collor; eleito, como lembramos, com decisivo apoio da chamada "grande mídia".
À época, a polícia federal indiciou 400 empresas e 110 grandes empresários.
A justiça e a mídia deixaram p'ra lá o inquérito de 100 mil páginas, com os corruptos e os corruptores.
Tudo prescreveu.
Fora o PC Farias, ninguém pagou.
Aquilo foi uma farsa.

Farsa foi e tem sido o silêncio estrondoso diante do livro "A Privataria Tucana". Livro que, em 115 páginas de documentos de uma CPI e investigação em paraísos fiscais, expõe bastidores da privatização da telefonia.
Farsa é buscar desqualificar o autor e fazer de conta que os documentos não existem ou são "velhos".
Como se novas fossem as denúncias agora repisadas nas manchetes na busca de condenações a qualquer custo.

Farsa é continuar se investigando os investigadores e se esquecer dos fatos que levaram à operação Satiagraha.
Operação desmontada a partir da farsa de uma fita que não existiu.
Fita fantasma que numa ponta tinha Demóstenes Torres e a turma do Cachoeira. E que na outra ponta da conversa, que ninguém ouviu, teve o ministro Gilmar Mendes.

Farsa é, anos depois de enterrada a Satiagraha, o silêncio em relação a US$ 550 milhões de dólares.
Sim, por não terem origem comprovada, US$ 550 milhões continuam retidos pelos governos dos EUA e da Inglaterra.
E o que se ouve, se lê ou se investiga?
Nada. Tudo segue enterrado. Em silêncio.

O julgamento do chamado "mensalão" não é uma farsa.
Farsa é, isso sim, isolá-lo desses outros fatos todos e torná-lo único.
Farsa é politizá-lo ainda mais.
Como farsesco é magnificá-lo, chamá-lo de "maior julgamento da história do Brasil".
Farsa, não porque esse não seja o maior julgamento.
Farsa, porque se esquecem de dizer que esse é o "maior", porque não existiram outros julgamentos.
Por isso, esse é o "maior".
Existiram, isso sempre, alianças ideológicas e empresariais, na luta pelo Poder.
Farsa, porque ao final prevaleceu sempre, até que viesse o "mensalão", o estrondoso silêncio cúmplice…

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